As árvores do caminho
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As árvores do caminho

Eis que chega a primavera! Nesses tempos em que o mundo arde e o Brasil maltrata seu bem maior, lembramos das árvores que nos encantaram pelos caminhos que percorremos. Foram, ainda, muitas outras, aqui são apenas alguns registros.

Fica aqui a nossa homenagem e nosso apelo para que cada um de nós retome a sua responsabilidade e lute por cada uma delas, por todas elas.

Pra vocês, nossos amigos:

Árvore

Um poema de Manoel de Barros

Um passarinho pediu a meu irmão para ser sua árvore.
Meu irmão aceitou de ser a árvore daquele passarinho.
No estágio de ser essa árvore, meu irmão aprendeu de
sol, de céu e de lua mais do que na escola.
No estágio de ser árvore meu irmão aprendeu para santo
mais do que os padres lhes ensinavam no internato.
Aprendeu com a natureza o perfume de Deus.
Seu olho no estágio de ser árvore aprendeu melhor o azul.
E descobriu que uma casca vazia de cigarra esquecida
no tronco das árvores só serve pra poesia.
No estágio de ser árvore meu irmão descobriu que as árvores são vaidosas.
Que justamente aquela árvore na qual meu irmão se transformara,
envaidecia-se quando era nomeada para o entardecer dos pássaros
E tinha ciúmes da brancura que os lírios deixavam nos brejos.
Meu irmão agradecia a Deus aquela permanência em árvore
porque fez amizade com muitas borboletas.

Manoel de Barros BARROS, M. Ensaios fotográficos. Rio de Janeiro: Editora Record, 2000.

Foto: Parque Estadual do Rio Doce

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