23ª Mostra de Cinema de Tiradentes: festa do cinema brasileiro na cidade histórica mineira
Abrindo o calendário do audiovisual brasileiro, a Mostra de Cinema de Tiradentes, chega a sua 23a edição, de 24 de janeiro a 1o de fevereiro de 2020, com oferta de uma programação diversificada, intensa e gratuita.
Serão nove dias de evento com exibição de 113 filmes (31 longas, 1 média e 81 curtas-metragens), divididos em 53 sessões de cinema, e ainda, promove 39 mesas de debates, diálogos audiovisuais e a série Encontro com os Filmes, performances artísticas e musicais, oficinas e lançamentos de livros.
Pra gente que já ama a cidade e não perde uma oportunidade de fazer as malas e partir em direção ao Campo das Vertentes, é quase juntar queijo e goiabada. Para quem ainda não pôs os pés na histórica cidade mineira, é uma chance imperdível de ver um típico recanto de Minas Gerais se transformar na capital do cinema brasileiro. Para isso é montada uma infraestrutura com quatro espaços principais para sediar a programação e receber milhares de turistas: Cine Copasa na Praça, Cine-Tenda, Sesc Cine-Lounge e Centro Cultural Sesiminas Yves Alves.
A abertura da Mostra acontece no dia 24 de janeiro, sexta, às 21h, no Cine-Tenda com homenagens aos atores Antônio Pitanga e Camila Pitanga e exibição, em pré-estreia mundial, de “Os Escravos de Jó”, do cearense Rosemberg Cariry, que conta com Antônio Pitanga no elenco. Na ocasião, também será realizada performance audiovisual apresentando a temática desta edição “A imaginação como potência”, proposta pelo crítico Francis Vogner dos Reis que assina a coordenação curatorial do evento.
A Mostra Homenagem recupera a trajetória de pai e filha com os longas: “Na Boca do Mundo” (RJ/ 1978), única incursão do veterano ator no ofício de direção; “Eu Receberia as Piores Notícias dos seus Lindos Lábios” (SP/ 2011), de Beto Brant e Renato Ciasca, no qual Camila está em seu papel mais intenso; e “Pitanga” (RJ/ 2016), documentário de Brant e Camila sobre a vida e carreira de Antônio. Além dos filmes e da presença dos dois homenageados no evento, ambos serão tema de uma mesa de debates, que vai discutir, no dia 25 (sábado), às 12h30, a importância de seus trabalhos.
Pra todos os gostos e interesses – na programação de longas e médias-metragens, serão exibidos 32 títulos em pré-estreia (31 longas e 1 média), divididos em oito seções temáticas (Aurora, Olhos Livres, Homenagem, A Imaginação como Potência, Foco Minas, Praça, Mostrinha e Sessão Debate). Os curadores Francis Vogner dos Reis e Lila Foster assinam a seleção.
Alguns títulos de circulação internacional ou premiados em festivais importantes dentro e fora do Brasil estão na programação, como “Babenco – Alguém tem que Ouvir o Coração e Dizer: Parou” (SP), de Barbara Paz, premiado no Festival de Veneza; “Pacarrete” (CE), de Allan Deberton, premiado no Cine Ceará; “Sete Anos em Maio” (MG), de Affonso Uchôa, melhor filme na seção Novos Rumos do Festival do Rio; e “Três Verões” (RJ), de Sandra Kogut, pelo qual Regina Casé ganhou prêmio de melhor atriz no Festival do Rio. Nomes veteranos de vasta carreira voltam a Tiradentes com seus novos trabalhos, casos de Lírio Ferreira “Acqua Movie” – (PE); Helvécio Ratton “O Lodo” – (MG) e Geraldo Sarno “Sertânia” – (CE).
A Mostra Aurora exibe oito títulos de cinco estados que terão pré-estreia no evento. Em comum, todos lidam com a realidade brasileira através de chaves de reinvenção, reconfiguração ou alegoria, seja em documentários que olham diretamente para determinado espaço ou acontecimento, seja numa ficção de época ambientado no século XIX. Os filmes escolhidos para a Mostra Aurora 2020 são: “Cabeça de Nêgo” (CE), de Déo Cardoso; “Cadê Edson?” (DF), de Dácia Ibiapina; “Mascarados” (GO), de Marcela Borela e Henrique Borela; “Pão e Gente” (SP), de Renan Rovida; “Ontem Havia Coisas Estranhas no Céu” (SP), de Bruno Risas; “Canto dos Ossos” (CE), de Jorge Polo e Petrus de Bairros; “Natureza Morta” (MG), de Clarissa Ramalho; e “Sequizágua” (MG), de Maurício Rezende. Os filmes vão ser avaliados pelo Júri da Crítica e concorrem ao Troféu Barroco e a prêmios de parceiros do evento, além do Prêmio Helena Ignez, dado a um destaque feminino.
Pelo quarto ano, a Mostra Olhos Livres apresenta trabalhos de realizadores com alguma trajetória consolidada e em constante expansão de invenções e novos sentidos de apreensão. Avaliados pelo Júri Jovem e concorrendo ao Prêmio Carlos Reichenbach, os títulos deste ano são “Até o Fim” (BA), de Ary Rosa e Glenda Nicácio; “É Rocha e Rio, Negro Leo” (RJ), de Paula Gaitán; “Fakir” (SP), de Helena Ignez; “Sertânia” (CE), de Geraldo Sarno; e “Yãmĩyhex: As Mulheres-espírito” (MG), de Sueli Maxakali e Isael Maxakali.
Na sessão de encerramento, na noite do dia 1º de fevereiro, a Mostra exibe “A Torre” (MG), segundo longa-metragem do mineiro Sérgio Borges e seu primeiro filme uma década depois do premiado “O Céu sobre os Ombros” (MG/ 2010). No novo trabalho, Enrique Diaz interpreta André, homem que se isola numa floresta para lidar com as perdas de sua vida e acaba sendo desafiado por memórias e culpas que tentou deixar para trás.
E pra criançada, nada? Tudo! – Xodó dos meus xodós dentro do evento, a Mostrinha, em sessões de longas e curtas-metragens voltadas ao público infantojuvenil e com presença da Turma do Pipoca, é programa imperdível também para os marmanjos. Também com o objetivo de inserir novos olhares para o cinema brasileiro, a Mostra Jovem reúne curtas-metragens que dialogam com questões e experiências adolescentes.
Já a seleção de curtas-metragens conta com 81 obras, vindos de 14 estados, espalhados por 10 seções. Os filmes da edição 2020 vêm de Alagoas (3), São Paulo (18), Minas Gerais (17), Pernambuco (8), Rio de Janeiro (11), Rio Grande do Norte (2), Paraná (7), Santa Catarina (1), Rio Grande do Sul (3), Goiás (4), Paraíba (2), Tocantins (2), Espírito Santo (2) e Sergipe (1). Eles serão apresentados dentro das mostras Foco, Panorama, Foco Minas, A Imaginação como Potência, Formação, Jovem, Mostrinha, Praça e Valores. Assim como a Mostra Aurora nos longas, a Mostra Foco é avaliada pelo Júri da Crítica. A curadoria de curtas-metragens foi feita pelo pesquisador e professor Pedro Maciel Guimarães, pela crítica Camila Vieira e pela professora Tatiana Carvalho Costa.
E pra quem quer aprender… – o Seminário do Cinema Brasileiro é espaço fundamental do evento dedicado a reflexão, encontros, diálogos, ideias e perspectivas do cinema no país. Reúne profissionais do audiovisual, da crítica, acadêmicos, pesquisadores, jornalistas no centro dos debates, discussões e conversas. Extensão da experiência dos filmes, o Seminário anualmente atrai mais de uma centena de participantes e é marca registrada da Mostra.
Ao todo serão 39 debates para refletir o momento atual do cinema brasileiro sendo 20 debates que integram a série Encontros com os Filmes, que reúne críticos convidados para debater títulos das mostras Aurora, Foco e Olhos Livres; um debate internacional, com a presença de convidados que vão apresentar como está o cinema brasileiro no exterior; três debates temáticos; um debate dedicado aos homenageados; e um debate com curadores e 13 que integram as Sessões-Debate e bate-papos da sessões da Praça e Formação . As atividades do Seminário acontecem no Centro Cultural Sesiminas Yves Alves, também com entrada franca.
Nos últimos anos, a Mostra de Cinema de Tiradentes tem levado à cidade mineira importantes nomes do cenário audiovisual mundial para acompanharem o evento. Atuando como “olheiros” privilegiados, os convidados têm a oportunidade de conhecer em primeira mão o cinema brasileiro contemporâneo que ganha as telas na Mostra.
Em 2020, estarão presentes cinco convidados internacionais, representando festivais, instituições e publicações de várias partes do mundo. De Portugal vem Miguel Valverde, curador do Indie Lisboa, codiretor da Portugal Film – Agência Internacional de Cinema Português, professor de Promoção de Cinema no Instituto Politécnico ESAD e de Cinema Experimental na Universidade Nova de Lisboa. Da Espanha, a presença é de Nuria Cubas, diretora artística do Filmadrid – Festival Internacional de Cinema de Madri. Ela também faz parte do comitê de seleção do Punto de Vista – Festival Internacional de Documentário de Navarra, desde 2018.
E ainda tem o Programa de Formação com a oferta de oficinas audiovisuais para o público jovem e adulto visando à capacitação técnica para o mercado de cinema e criando oportunidades para novos atores e realizadores, além de despertar talentos, formar novos profissionais e olhares. Desde sua primeira edição, em 1998, já foram certificados 6.704 alunos em 231 oficinas ministradas. O lance é ficar de olho pra não perder a oportunidade em 2021, porque as vagas estão todas preenchidas.
Mostra Valores – no contexto da programação do evento, será realizada a Mostra Valores que é uma iniciativa da Universo Produção, concebida para dialogar com as comunidades nas cidades de Tiradentes, Ouro Preto e Belo Horizonte, em que o programa Cinema sem Fronteiras está inserido, visando valorizar pessoas, ações, programas e lugares.
Nesta edição, foi eleita como protagonista a Sociedade Corpo de Bombeiros Voluntários de Tiradentes com o propósito de somar esforços, apresentar, enaltecer e sensibilizar o público para ser um colaborador da instituição que depende de doações para seu funcionamento e realiza um trabalho pioneiro e de grande valia para o patrimônio da cidade de Tiradentes e de Minas Gerias e, por isto, merece nosso reconhecimento e aplausos.
A proposta é realizar ações promocionais e dar visibilidade ao trabalho realizado pelo Corpo de Bombeiros Voluntários de Tiradentes, através da realização de uma exposição a ser instalada na Praça Principal da cidade e campanha de sensibilização, visando estimular e incentivar doações para a instituição.
Isso sem contar… – que além dos filmes há uma série de atividades artísticas como exposições, cortejos, teatro de rua, performances, intervenções e apresentações musicais, que irão transformar Tiradentes numa verdadeira capital multicultural durante os nove dias de realização da Mostra.
Em diálogo com a temática proposta na programação “A imaginação como potência”, artistas, grupos e bandas de destaque na cena mineira e nacional fazem apresentações diárias no Sesc Cine-Lounge, espaço de encontro e criação, reflexão e construção, cultura e pulsação. Tudo em meio ao cenário barroco preservado no casario, museus e na natureza exuberantemente emoldurada pela Serra de São José, na tricentária Tiradentes.