7 mins read

Pela primeira vez na história, Belo Horizonte recebe uma escultura urbana feita por um artista indígena

Além das pinturas das quatro empenas desta edição, o Cura conta também com duas intervenções inéditas em outros pontos do Centro de BH. O primeiro deles é o Viaduto Santa Tereza.

Inaugurado em 1929, o Viaduto Santa Tereza é um dos ícones arquitetônicos de BH e, nos últimos anos, se tornou cenário de uma cena cultural pulsante, onde múltiplas iniciativas dão vida ao espaço, atraindo pessoas de toda a cidade e também de fora dela. Sob sua estrutura, já recebeu peças teatrais, intervenções e os Duelos de MC’s, produzidos pelo coletivo Família de Rua, que já revelou grandes astros do rap nacional.

Pela 1ª vez em sua história, os arcos do viaduto serão transformados por uma grande instalação criada pelo artista contemporâneo de Roraima, Jaider Esbell (@jaider_esbell). A obra, um inflável de cerca de 40 metros promete surpreender!

“O processo coletivo de construção do CURA 2020 nos deu a oportunidade de receber a potência de artistas de todo o país, artistas que nos abraçaram e aceitaram fazer parte da família. O Jaider Esbell é um deles e, pra nós, é uma honra tê-lo nesta edição” diz Priscila Amoni, uma das idealizadoras e curadoras do festival.

A obra, duas serpentes inflaveis que se encontram no meio do viaduto, tem como simbologia a cura. No xamanismo indígena, ela é considerada um “animal de poder” e está presente como força de cura, regeneração e transformação, com capacidade de “comer as doenças” mais graves que acometem o ser humano.

Sobre Jaider

Jaider é artivista indígena da etnia Makuxi (RR) com prêmios na literatura, nas artes visuais e no cinema. Desde 2010, encontra também na escrita caminhos para suas manifestações artísticas. Trabalhos individuais e coletivos, tanto no Brasil quanto no exterior, marcam a trajetória do artista que vive em Boa Vista (RR), capital onde criou e mantém a primeira galeria de arte exclusivamente para obras de arte indígena contemporânea.

Sobre o Cura 2020

A 5ª edição do Cura – Circuito de Arte Urbana acontece entre os dias 22 de setembro e 04 de outubro em Belo Horizonte. Desta vez, serão pintadas 04 empenas no hipercentro da cidade, que também receberá outras intervenções artísticas. Por conta da pandemia, o restante da programação acontece exclusivamente online. E ela está intensa.

Neste ano, o festival convidou duas artistas para compor a comissão curadora: Arissana Pataxó, de Coroa Vermelha – Cabrália, e Domitila de Paulo, de BH. Elas, juntamente com as criadoras do festival – Janaína Macruz, Juliana Flores e Priscila Amoni – são os nomes por trás de tudo. O festival defende a resistência através da arte e cuidado com as pessoas, afetos e natureza e decide por uma curadoria que se aprofunda em um Brasil que não é somente urbano, trazendo artistas de diversas regiões e por isso com perspectivas estéticas diversas no seu lineup de obras públicas e também na Galeria CURA. É urgente ouvir as vozes que apontam outros caminhos.

Na Rua

Diego Mouro (São Bernardo do Campo/ SP) – o selecionado da convocatória promovida pelo festival – Lídia Viber (Belo Horizonte/MG), Robinho Santana (Diadema/SP) e Daiara Tukano (São Paulo/SP) são os artistas responsáveis pelas artes nas empenas dos edifícios Almeida, Cartacho, Itamaraty e Levy respectivamente. Todas visíveis da rua Sapucaí, bairro Floresta, consolidando o Mirante CURA na rua Sapucaí com 14 murais gigantes.

Bandeiras produzidas pelos artistas Denilson Baniwa (Bercelos/AM), Randolpho Lamonier (Contagem/MG), Célia Xakriabá (São João das Missões/MG), Ventura Profana (Salvador/BA) e Cólera e Alegria (diversos/Brasil) serão instaladas no antigo prédio da Faculdade de Engenharia da UFMG. A obra também será vista do Mirante CURA.

Já os arcos do icônico Viaduto Santa Tereza recebem uma escultura inflável de Jaider Esbell (Normandia/RR).

Online  www.youtube.com/CURACircuitoUrbanodeArte

Toda a programação virtual do Cura 2020 é gratuita e acessível. Uma programação diversa, que discute a atualidade e traz nomes em destaque no cenário nacional, entre eles Preta Rara, rapper e arte-educadora, importante nome do feminismo negro brasileiro e Ailton Krenak, uma das maiores lideranças do movimento indígena brasileiro.

28/09 – segunda-feira, 19h30

Bate Papo – Imaginar caminhos: ocupando o mercado de arte contemporânea 

Convidados: Thiago Alvim e Comum, artistas e idealizadores do JUNTA; Cristiana Tejo, curadora e uma das idealizadoras do Projeto Quarantine; Micaela Cyrino, artista visual e integrante da Nacional Trovoa. 

Mediação: Fabiola Rodrigues, MUNA – Mulheres Negras nas Artes

29/09 – terça-feira, às 19h30

Bate Papo – Transformando, ocupando e criando novas narrativas: os olhares de artistas, curadores e pesquisadores contra o colonialismo sobre suas produções

Convidadas: Nathalia Grilo Cipriano, pesquisadora de cultura e cosmovisões negro-africanas, editora da revista digital diCheiro; Ventura Profana, escritora, cantora, performer e artista visual; Sandra Benites, antropóloga, arte-educadora e curadora-adjunta do MASP – Museu de Arte de São Paulo.

Mediação: Luciara Ribeiro, educadora, pesquisadora e curadora independente.

30/09 – quarta-feira, às 19h30

Aulão – O hip-hop resiste

Com Preta Rara, rapper, historiadora, turbanista, e influenciadora digital.

01/10 – quinta-feira, às 19h30

Bate Papo – Arte e Vida, Arte é Vida

Covidados: Maurinho Mukumbe, ferreiro; Ibã Hunikuin (Isaías Sales), txana, mestre dos cantos na tradição do povo huni kuin e pintor. Integra o coletivo MAHKU – Movimento dos Artistas Huni Kuin; Bordadeiras do Curtume (Vale do Jequitinhonha).

Mediação: Célia Xakriaba, professora e ativista indígena

02/10 – sexta-feira, às 19h30

Aulão – A Vida não é útil

Com Ailton Krenak, líder indígena, ambientalista e escritor brasileiro. É considerado uma das maiores lideranças do movimento indígena brasileiro, possuindo reconhecimento internacional.

Galeria de Arte Virtual

A Galeria de Arte CURA vai funcionar no site www.cura.art durante o período do festival com mais de 30 artistas de todo o Brasil, que terão suas obras expostas e disponíveis para compra. Entre eles artistas que já participaram de outras edições do CURA ou participam desta edição como Thiago Mazza e Davi DMS (Cura 2017), Criola (Cura 2018), Luna Bastos (Cura 2019) e Diego Moura (Cura 2020) e artistas contemporâneos entre eles Heloísa Hariadne (São Paulo/SP); Mulambö (Saquarema/RJ), Alex Oliveira (Jequié/BA) e Luana Vitra (Belo Horizonte/MG).

Sobre o Cura

O Circuito Urbano de Artes completa sua quinta edição e, com esta, serão 18 obras de arte em fachadas e empenas, sendo 14 na região do hipercentro da capital mineira e quatro na região da Lagoinha, formando, assim, a maior coleção de arte mural em grande escala já feita por um único festival brasileiro.

O CURA também presenteou BH com o primeiro, e até então único, Mirante de Arte Urbana do mundo. Todas as pinturas realizadas no hipercentro podem ser contempladas da Rua Sapucaí.

www.facebook.com/curafestival

www.instagram.com/cura.art

LEIA TAMBÉM

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *