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Mulheres avançam sobre o mercado do café

Havia um tempo – que ainda teima em persistir – que as mulheres eram relegadas à posições subalternas em vários campos sociais, inclusive no saboroso e laborioso mundo do café. A persistência e a organização delas, porém, vem mudando essa história.

Foi na Semana do Café realizada em Belo Horizonte, no mês de novembro de 2019 que conhecemos a Aliança Internacional das Mulheres do Café (IWCA – sigla em Inglês para International Women’s Coffee Alliance) – Capítulo Brasil. A associação, surgida, em 2003, na Nicarágua, e que desembarcou no Brasil em 2012, quer fortalecer as mulheres envolvidas em toda a cadeia produtiva do café – da lavoura à xícara – por meio do compartilhamento de conhecimentos, interapoio e luta para a constituição de políticas públicas de incentivo e fomento à atuação feminina no setor.

Diretora da IWCA Brasil e criadora do Café Renovo, Mariselma Sabbag, esteve na capital mineira. Segundo ela, a missão da Aliança é: participar e influenciar nas decisões das políticas cafeeiras; incentivar a permanência no campo, promovendo o desenvolvimento socioambiental; divulgar e valorizar os cafés de qualidade promovendo o desenvolvimento socioambiental, conquistando novos mercados e adicionando valor aos mercados já existentes.

Diretora da IWCA Brasil e criadora do Café Renovo, Mariselma Sabbag Foto: Carla Silva

“O nosso objetivo é criar entre conexão entre as mulheres do café, gerando conhecimento do produto e consequente empoderamento dessas mulheres. Aqui uma ajuda a outra. Numa feira como essa, por exemplo, eu estou divulgando o meu café, mas se o visitante quer saber de outro, faço a demonstração com o mesmo carinho e empenho”, explica Mariselma Sabbag.

Em um mercado ainda extremamente dominado pelos homens elas vão galgando degraus e tendo o esforço e qualidade do trabalho reconhecidos. O Capítulo Brasil já tem oito subcapítulos: Norte Pioneiro do Paraná, Matas de Minas, Cerrado Mineiro, Chapada Diamantina, Mantiqueira, Campo das Vertentes, Espírito Santo e Rondônia. Em formação está o subcapítulo Sul de Minas.

“A IWCA fez total diferença na minha vida. Quando comecei, não tinha ideia de que poderia ser uma empreendedora do café. Quando você é um produtor rural tudo gira em torno do homem. O nome no cartão de produtor é dele, não da mulher. A partir desses grupos as mulheres passaram a ter seus nomes no cartão de produtor rural; passaram a ter influência na tomada de decisão sobre a plantação, sobre a venda, a melhor forma de secar e inclusive criar marcas com seu próprio café. Isso muda tudo. O homem compra e vende o café verde. Esse trabalho, normalmente, é dirigido por uma mulher, ela que toma a frente de escolher a marca, a embalagem… tudo isso vem da mulher.

Tenho certeza que o crescimento dessas mulheres, tanto financeiro como de poder de decisão – vem desses grupos”, conclui a diretora do IWCA Brasil.

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