Do século XIX ao Instagram: tem de tudo no Circuito Praça da Liberdade em dezembro
Quem passeia pela Praça da Liberdade, em Belo Horizonte, encontra um pequeno oásis bem no meio da cidade. A praça que já abrigou e foi símbolo máximo do poder no Estado é uma ilha de verde, água e manifestações artísticas cercada de museus por todos os lados.
E, entre as dezenas de atrações entre permanentes e temporárias na programação de dezembro, duas exposições são mais que especiais e o Pop Fino foi conferir.
No Centro Cultural Banco do Brasil (CCBBBH) a instalação Museum of me nos leva por um passeio pela mais imagética das redes sociais: o Instagram. Você pode escolher qualquer perfil público e fazer uma intensa viagem. No caleidoscópio de imagens dentro de uma sala espelhada é possível experimentar uma variedade de emoções.
De acordo com Felipe Reif, sócio da Cactus, estúdio colaborativo criador da exposição, o Museum of me traz a tona o seu uso do Instagram. “O próprio uso da rede social é o mais variado possível. A reação à exposição também varia de acordo com o uso que a pessoa faz. Já tivemos um caso, em São Paulo, por exemplo, de uma menina que saiu da experiência dizendo que precisava apagar metade das fotos que estavam lá porque eram só fotos de biquíni. Ela disse que precisava apagar porque aquilo não era a imagem que ela queria passar. Foi um choque pra ela”, relembra Reif.
O certo é que sua relação com as redes sociais não será mais a mesma. Antes de passear por perfis de terceiros, a minha dica, é que passeio pelo seu mesmo. Vai relembrar ou, até mesmo, descobrir sensações especiais.
Nosso Instagram:
“Em Curitiba tivemos uma senhora foi três dias seguidos para ver o perfil do cantor Roberto Carlos. Ela é muito fã e ia pra lá pra ficar imersa num conteúdo sem fim do ‘rei’. Pra onde ela olhava só via o cantor e um minuto e meio era uma eternidade ali pra ela. Não temos um objetivo específico de gerar uma sensação, quer seja nostálgica e alegre, quer seja reflexiva”, revela.
Para visitar o Museum of Me será preciso informar uma conta no Instagram, rede social utilizada como base para a execução do sistema, e seguir o perfil do CCBB Belo Horizonte no Instagram (@ccbbbh). O espaço permite a entrada de até três pessoas por vez, porém cada experiência será apresentada individualmente. É possível fazer fotos e compartilhar a experiência durante a jornada que dura pouco mais de um minuto. A entrada é por ordem de chegada.
A expectativa é que a exposição ajude a atrair um novo público para o museu que muita gente descubra o quão legal e moderno são os museus. Indo para ver o Museum of me as pessoas têm a oportunidade de conhecer mais do próprio museu enquanto esperam, por exemplo. A escolha do instagram como plataforma se dá porque ele é a mídia das imagens, como uma curadoria muito interessante das fotos e também por ser ele o que mais cresce entre os jovens.
“O que está muito claro pra todo mundo é que, especialmente os jovens, eles querem interagir: tocar, falar e ouvir, eles querem de alguma forma se relacionar com o que eles estão consumindo. Essa é uma forma mais divertida de ensinar algo. E se os museus não conversarem com os jovens eles não vão renovar o seu público. E isso é muito importante não só no Brasil, mas no mundo inteiro”, destaca.
E na Casa Fiat de Cultura a ordem é conhecer a delicada relação de uma das mais emblemáticas fábricas de automóveis do mundo, a Fiat – dona das marcas Ferrari e Alfa Romeo – com o Brasil. A paixão dos brasileiros e, especialmente, dos mineiros, pelos carros têm muito a ver com a instalação de uma unidade da montadora em Betim, na Grande BH.
Ao todo, serão exibidas mais de 100 imagens e fotografias históricas provenientes de acervos do Museu da Imigração (Arquivo Público de São Paulo), do Museu Histórico Abílio Barreto, do Arquivo Público Mineiro, do Centro Storico FIAT e da FCA Group Argentina. Como numa viagem pelo tempo, cada cena permite que sejam revividos importantes marcos, costumes, objetos, instituições, eventos, estéticas e estilos, referentes às mais diversas épocas.
Entre os destaques da mostra estão a bola do Palestra Italia (Cruzeiro) – time fundado por imigrantes italianos, datada de 1921; o livro de registro de entrada de imigrantes em Belo Horizonte; as reproduções de pôsteres publicitários da Fiat, produzidos por renomados artistas; um desenho original de Raffaello Berti – que fez mais de 500 projetos arquitetônicos em BH –; um passaporte italiano original, datado de 1909; um dos últimos quadros pintados por Amadeo Luciano Lorenzato (em 1990); um exemplar histórico do Fiat 147, lançado em 1979; uma foto de Minas Horizontina, primeira menina nascida na capital mineira, e descendente de italianos.
O Fiat 147 certamente vai levar a turma com mais de 40 anos por uma viagem nostálgica a um passado onde passear de carro era quase um evento. Minha tia – linda, loira, solteira e independente – quem eu olhava admiradíssima aos seis anos de idade – tinha um azul claro. Simplesmente inesquecível!
Com curadoria da jornalista e historiadora Cinthia Reis, a mostra destaca momentos que marcaram a travessia dos italianos para o Brasil e para a Argentina, e tem importante caráter histórico, ao trazer à tona o legado deixado por esse povo em nossa cultura e os desafios enfrentados no percurso.
Serviços
“Museum of me”
Até 29 de dezembro
Centro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte
Praça da Liberdade, 450 – Funcionários, Belo Horizonte
De quarta-feira a segunda-feira, das 10h às 22h
Informações: (31) 3431-9400
Entrada gratuita
“Percorsi Italiani – 120 anos de história na Casa Fiat de Cultura”
Praça da Liberdade, 10. Funcionários. Belo Horizonte
Até 1º de março de 2020
Terça a sexta, das 10h às 21h; sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h
Entrada gratuita
Informações: (31) 3289-8900