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CCBB BH Exposição Chagall e o amor que desafia a força da gravidade

O Centro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte (CCBB) apresenta até janeiro de 2023 a exposição Marc Chagall: sonho de amor. São mais 180 obras do artista russo que marcou o século XX pelo uso revolucionário das formas e das cores, pela criação de um universo lírico, poético e fantástico em suas pinturas e em seus escritos, e por sua trajetória única, pautada pelo amor que devotava à vida e às artes.

A exposição Marc Chagall: sonho de amor, considerada sucesso pela crítica brasileira em sua passagem pelo CCBB Rio de Janeiro e pelo CCBB Brasília (foram mais de 290 mil visitantes nas duas cidades), fica em cartaz no CCBB Belo Horizonte até 16 de janeiro de 2023. Depois, segue para o CCBB São Paulo (de 8 de fevereiro a 17 de abril de 2023).

Exposição

No pátio do CCBB, o “Sonho de amor” é anunciado pela instalação contemporânea Air Fountain, gentilmente cedida pelo artista norte-americano Daniel Wurtzel. Nas salas expositivas, o percurso apresenta uma seleção de obras produzidas por Chagall ao longo da carreira, de onde emergem os temas: origens e tradições russas; o amor e o exílio na representação do mundo sagrado; o lirismo e a poesia, reencontrados em seu retorno à França; e o amor transcendente, uma ode ao sentimento de estar apaixonado, presente na figura dos enamorados que flutuam nas telas ou estão imersos entre ramos de flores.

Buquê de Flores sobre fundo vermelho - Marc Chagall
Buquê de Flores sobre fundo vermelho – Marc Chagall


Na obra de Chagall, o gosto pelas cores só fez aumentar o amor pela vida. Como declarou: “na vida, assim como na paleta do artista, há somente uma cor que dá sentido à vida e à arte: é a cor do amor”.

Sua biografia, marcada pela origem humilde e pelos inúmeros obstáculos à sobrevivência, compeliu-o a se mover inúmeras vezes: viveu na França, nos Estados Unidos e na própria União Soviética, onde, após a Revolução Russa, ocupou o posto de Comissário de Belas Artes de Vitebsk, sendo responsável pela vida artística da cidade.

Após breve atuação no cargo, Chagall mudou-se para Moscou, onde trabalhou, em 1920, nos painéis e no mural do Teatro Judeu, com grande repercussão naquele contexto. Em seguida, mudou-se para Berlim, onde havia sido reconhecido artisticamente desde 1914, partindo em 1922 para cidade à qual dirigiu inúmeras declarações de amor e onde viveu a maior parte de sua vida: Paris, cidade em que Chagall atingiu sua plenitude artística.


Em sua trajetória única, Chagall fundiu diferentes culturas: a judaica, sua cultura de origem familiar; a russa, de nascimento; e a ocidental, por escolha. Em uma combinação especial de domínio técnico, respeito pelas tradições ancestrais e extrema sensibilidade na orquestração de formas e cores, abriu caminhos para o surrealismo, estabeleceu diálogo com o cubismo e com o fauvismo, e criou um universo próprio, vibrante e imaginativo.

Obras

Em cada seção da exposição encontram-se obras emblemáticas, entre as quais podemos citar:

  • Os amantes com asno azul (Les amoureux à l’âne bleu), de ca. 1955
  • O galo violeta (Le coq violet), de 1966-1972
  • Os reflexos verdes (Le reflets verts), de 1964
  • Duas cabeças (Deux têtes), de 1966
  • Buquê de flores sobre fundo vermelho (Bouquet de fleurs sur fond rouge), 1970
  • Os noivos com trenó e galo vermelho (Les mariés au traîneau et au coq rouge), de 1957
  • Primavera (Le Printemps), de 1938-1939

Estas duas últimas provenientes respectivamente os acervos da Casa Museu Ema Klabin e do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC USP), especialmente cedidas para a exposição. Segundo a curadora, “as obras emprestadas pelas instituições brasileiras são de grande importância no discurso expositivo”.

Módulos da exposição Marc Chagall

A exposição que está em Belo Horizonte apresenta quatro seções, que tratam de diferentes
temas da obra do pintor russo.

Primeiro módulo: Origens e tradições russas

A primeira parte intitula-se Origens e tradições russas. Nessa seção está presente a marcante obra Aldeia Russa (Russian village), de 1929. Também faz parte dessa primeira seção da mostra um dos mais importantes projetos de Chagall, no qual sua ideia de tradição está intimamente ligada à vida campesina da infância e adolescência no vilarejo de Vitebsk, na companhia de animais e cercado pela natureza.

Destaca-se a série gráfica completa das Fábulas – inspirada na obra de La Fontaine, escritor francês do século XVII –, na qual dialoga com a cultura popular e penetra no comportamento humano,
metaforizado nos textos do escritor francês.

Segundo módulo – Mundo Sagrado

Os trabalhos relacionados aos textos sagrados e ao universo espiritual de Chagall compõem
o segundo bloco da exposição, intitulado Mundo Sagrado, que se subdivide em “Bíblia” e “A
história do Êxodo”. Nele se destacam as pinturas No caminho, o asno vermelho (En route,
l’âne rouge), de 1978, e Davi e Golias (David et Goliath), de 1981, além de gravuras coloridas
à mão, que representam alguns dos capítulos mais importantes do Velho Testamento, como
Moisés e Arão diante do Faraó (Moïse et Aaron devant Pharaon), Travessia do Mar Vermelho
(Passage de la Mer Rouge) e Morte de Moisés(Mort de Moïse), estas com impressão realizada
em Paris em 1956.

Terceiro módulo – Um poeta com asas de pintor

O terceiro segmento da exposição, intitulado Um poeta com asas de pintor, reúne trabalhos
ligados ao regresso de Chagall do exílio nos Estados Unidos. Em sua casa em Saint-Germain-en-Laye, nos arredores de Paris, Chagall recebia visitas de amigos intelectuais e poetas, tais como Paul Éluard, Yvan Goll, Pierre Reverdy e Aimé Maeght, além do editor grego Tériade, responsável pela publicação de livros de arte com obras do pintor. Chagall teria mais duas companheiras (Virginia Haggard, de 1945 a 1952, e Valentina.

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Quarto módulo – O amor

Por fim, o quarto e último módulo da mostra é intitulado O amor desafia a força da gravidade,
em que o sentimento de amor, a sensação de estar apaixonado, o enlace dos enamorados
são os temas das pinturas, reforçando sempre o fato de o amor ter sido a força motriz do
artista, frente aos inúmeros obstáculos da vida. Ao seu lado, a musa e primeira esposa, Bella
Rosenfeld, com quem partilhava uma visão muito particular de perceber e habitar o mundo.
Apesar de sua morte prematura, Bella continuou a inspirar trabalhos de Chagall.


Consta dessa parte da exposição uma seleção de obras em que Chagall trata do tema ao longo
de sua vida: Buquê de rosas (Bouquet de roses), de 1930, Os amantes com buquê de flores
(Les amoureux au bouquet de fleurs), de 1935-1938, Grande nu (Grand nu), de 1952, O buquê
da Lua ou Os lírios brancos (Le bouquet de la lune ou Les arums blancs), de 1946, Os amantes
com asno azul (Les amoureux à l’anê bleu), de ca. 1955.

Objetivo

Um dos objetivos da mostra é reaproximar o público deste artista ímpar, proporcionando uma
imersão em seu universo vibrante e poético. A proposta visa embalar o visitante numa
atmosfera de conhecimento e encantamento, “na qual possa dialogar e se sentir tocado pelos
diversos sentidos do amor que perpassa a obra de Chagall, […] num momento de fragilidades
mundiais”, completa a curadora.

A exposição tem patrocínio da BB Seguros e do Banco do Brasil, por meio da Lei Federal de
Incentivo à Cultura. A organização e produção são da empresa Cy Museum, em parceria com
a italiana Arthemisia.

SERVIÇO

Exposição: Marc Chagall: sonho de amor
Data: 12/10/2022 a 16/01/2023
Funcionamento: todos os dias, das 10h às 22h, exceto às terças-feiras
Local: Centro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte – Praça da Liberdade, 450 –
Funcionários
Ingressos gratuitos: disponíveis em bb.com.br/cultura e na bilheteria física do CCBB BH. O
ingresso é válido para o dia agendado.

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