Seis dicas para uma viagem segura e livre de trombose
Antes da pandemia de Covid-19, cerca de 300 milhões de pessoas efetuavam todos os anos viagens de longa duração – aquelas que podem durar até mais de seis horas seguidas. Com retorno gradativo da vida como conhecíamos, é esperado que, até 2023, o tráfego aéreo de passageiros tenha sua retomada – o que trará de volta aos radares cuidados que vão muito além do coronavírus.
Apesar de tromboses poderem ser desencadeadas por inúmeros fatores, viagens aéreas de longa duração apresentam uma condição de risco, pela própria situação de pressurização no ambiente da aeronave. Outros elementos também contribuem para aumento do risco, como a estatura do passageiro, pois aqueles muito altos ou muito baixos, por conta da posição que ficam em seus assentos, podem favorecer uma compressão vascular. O uso de medicamentos para dormir podem favorecer que o passageiro fique relaxado, sem se movimentar e em uma posição que prejudique a circulação sanguínea. A desidratação, e uso de álcool em excesso, também são fatores adicionais. E aqueles indivíduos que já tiveram uma trombose anteriormente são os que mais devem estar atentos.
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A Dra. Joyce Annichino-Bizzacchi, hematologista e professora do departamento de clínica médica da Unicamp, explica que uma trombose acontece quando um coágulo de sangue interrompe a circulação de alguma veia ou artéria, comprometendo a irrigação e a função regular daquele órgão ou tecido. “Os casos são muito comuns em idosos, que vão fazer viagens longas – seja de carro, ônibus ou avião – e ficam sentados por horas a fio. No entanto, qualquer pessoa que já tenha tido um histórico pessoal ou familiar de trombose precisa estar em alerta”.
Para uma viagem livre de preocupação, a médica listou seis dicas que ajudam na prevenção da trombose e garantem uma viagem muito mais saudável.
Movimente-se de vez em quando
A falta de movimento pode diminuir o retorno do sangue das pernas para o coração e, assim, aumentar o risco de uma trombose venosa profunda. Por isso, se levantar e caminhar é um passo importante no caminho da prevenção. “Se estiver em um avião, opte pelo assento do corredor, que irá permitir que você se levante com mais liberdade. Caso isso não seja possível, faça movimentos de flexão dos pés. O mesmo vale para viagens de ônibus. Agora, no caso de viagens de carro, faça uma parada a cada duas ou três horas para esticar as pernas”, afirma a doutora.
Facilite o fluxo sanguíneo
Existem algumas ações que podem ser feitas afim de melhorar o fluxo sanguíneo. Evitar cruzar as pernas ou usar roupas muito apertadas nas regiões da cintura e pernas ajudam a corrente de sangue a fluir com mais facilidade. “Opte sempre por roupas confortáveis e que permitem o movimento fácil, e sempre que possível evite guardar a bagagem de mão no chão, próximo aos pés. Isso porque, especialmente em aeronaves, o espaço, que já é restrito, ficará ainda menor”, relata Annichino.
Esteja sempre bem hidratado
O baixo consumo de líquidos pode contribuir para que o volume sanguíneo diminua e, por consequência, fique mais grosso e propenso à formação de coágulos. No entanto, deve-se igualmente evitar o consumo excessivo de bebidas alcoólicas. “O álcool pode interferir na maneira como o seu organismo metaboliza o sangue. Então, apesar de pequenas quantidades de bebidas alcoólicas não fazerem mal, o excesso irá contribuir para um quadro de risco para trombose”, conta a Dra. Joyce.
Exercite-se (mesmo que sentado)
Um dos fatores que mais contribuem para a formação de coágulos sanguíneos é a inatividade – motivo pelo qual pessoas de cama, em UTIs ou entubadas têm risco maior para trombose. Durante uma viagem longa, o passageiro, mesmo sentado, pode e deve movimentar suas pernas e pés para melhorar a qualidade do fluxo sanguíneo. “Estique pernas e braços, como uma espreguiçada, de tempos em tempos e movimente os pés e tornozelos para cima e para baixo. Uma vez a cada 30 minutos poderá ajudar na prevenção”, explica a médica.
Use meias de compressão
Pessoas que já tem histórico de trombose devem evitar a todo custo fazer viagens com duração superior a seis horas sem meias de compressão. Elas são desenvolvidas especialmente para aprimorar a fluidez do sangue nas pernas, exercendo maior pressão sobre os tornozelos e menor sobre os joelhos e coxas. “O paciente deve consultar seu médico para entender qual o melhor tipo de meia de compressão para seu caso específico. Dependendo do histórico pessoal, a meia poderá ficar acima ou abaixo dos joelhos”, completa.
Evite paranoias
É verdade que viagens de longa duração podem contribuir para a formação de trombose. No entanto, o risco pode ser contornado com atenção aos seus movimentos e orientação médica apropriada. “A viagem aérea é um fator de risco, mas existem outros mais graves que devem ter a atenção do paciente. O anticoncepcional hormonal, por exemplo, apresenta um risco muito maior. Uma cirurgia em que o paciente não foi submetido a uma profilaxia é muito mais importante”, finaliza Dra. Joyce.
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