Expocachaça: o mundo da bebida mais brasileira que existe
Mé, marvada, cachaça, branquinha, pinga… pode escolher o nome que você mais gosta, mas o certo é que os apreciadores – porque cachaceiro é outra coisa – da boa cachaça tiveram um fim de semana de luxo em Belo Horizonte entre os dias 6 e 9 de junho. O Expominas foi palco da 29ª Expocachaça e da 13ª BrasilBier.
Passeando pelos corredores era possível escrever poemas mineiros através dos nomes das marcas: a Charmosa de Minas é muito mais que uma Matuta que desfila pela Taverna de Minas, travestida de Colombina, cheia de Prosa de Minas. Também reconhecer patentes como a Ten. (tenente), devidamente camuflada, e a Cachaças do Coronel.
A parte mais esperada pelos produtores e por muitos apreciadores era o concurso de degustação. Foram 9 categorias:
Na categoria Brancas Puras a Lagos do Vale levou a medalha de ouro. E as cachaças Charmosa Sense, Da Quinta, Jeceaba Clássica, Magos de Minas Prata, Mandaguahy Original, Maria das Tranças Prata, Matriarca, Sagrada, Serra Morena e Tropeira do Vale levaram pra casa a medalha de prata.
Já na categoria Descansadas, as cachaças Seleta Mix e Fazenda Jeremias Prata foram agraciadas com a medalha de prata.
Na categoria Carvalho Francês, as cachaças Ipueira, 3 Fortuna, Água de Arcanjo Ouro, Boutt, Bylaardt Premium, Cortarelli Carvalho, Refazenda, Rein e Xanadu Ouro levaram a prata. O bronze ficou com a Lagos do Vale.
Em Carvalho Americano, o ouro foi pra Cachaça Do Conde e a prata pra Moendão Ouro, Paramirim e Regui Brasil. As cachaças Tellura Amburana, Capão da Palha, Decisão, Harmonie Schnaps Bálsama e Mata Limpa Ouro levaram o ouro na categoria Madeiras Brasileiras. A prata ficou com Amada Grápia, Bem Me Quer Bálsamo, Brisa Umburana, Casa Bucco Amburana, Do Conde, Bom Tápparo Amburana, Giuseppe Ferdinando Nesi Ouro, Sagrada Amburana, Seleta e Weber Haus Bálsamo.
Em Extra Premium e Armazenada acima de três anos, oito cachaças levaram o ouro: Bylaard Extra Premium, Antonio Benedetti, Bento Albino, Fogo da Cana 12 anos, Guaraciaba Extra Premium, Imperador Reserva Tereza Cristina, Refazenda Extra Premium e Santa Rosa Special.
Na categoria Bebidas Alcoólicas por Mistura com Cachaça a prata ficou com Rainha da Cana – Milho Verde, Original D’Minas – Marula e Santo Mel. O Blends de Madeiras premiou com ouro as cachaças Do Anjo, Barril 12, Pátria Amada Carvalho e Cumaru, Prosa Mineira Reserva e Velho Alambique. A prata ficou com Alambique de Minas Ouro e Leandro Batista. E, na categoria Outros Destilados Produzidos no Brasil, a prata ficou com Guaaja Tiquira Carvalho.
Uma das grandes atrações da Expocachaça foi a cachaça Weber Haus Extra Premium. A bebida mais cara da feira, produzida em Ivoti (RS), comercializada por R$ 2.500, é envazada em uma garrafa com detalhes em ouro e acompanha uma caixa imponente e duas taças.
A bebida especial foi envelhecida seis anos em barris de carvalho francês e seis anos em barris de bálsamo e pertence a uma série limitada de 2 mil garrafas numeradas, em comemoração aos 65 anos da cachaçaria gaúcha. No mesmo valor, a cachaça mineira Vale Verde 18 anos, produzida em Betim, na região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), também atraiu o olhar dos apreciadores da bebida, e foi envelhecida 18 anos em barris de carvalho.
Vários Sabores
Na contramão das bebidas requintadas, um estande que recebeu muita atenção foi o da cachaçaria Original d’Minas, de Abreus, na região do Vale do Rio Doce, especializada em cachaças saborizadas. Com 20 sabores e cores diferentes, incluindo manga com pimenta, churros, milho verde (premiada na edição anterior da Expocachaça), blue ice, marula e paçoca, além das tradicionais prata e ouro, a empresa é focada no consumo jovem e atrai clientes também pelo preço, com cada garrafa custando R$ 20.
“Foi um sucesso. Além da bebida, também trouxemos para o evento toda a cadeira produtiva da cachaça com equipamentos, insumos e serviços. E já estamos trabalhando para trazermos novidades para 2020. A 30ª edição será especial. A cachaça é a única bebida que tem condições de conquistar espaços importantes no mercado internacional. Isso precisa ser explorado pelos produtores”, comemorou o presidente da Expocachaça, José Lúcio Mendes.
Barris
Entre os produtores de equipamentos e insumos, a grandiosidade e beleza dos alambiques de cobre logo chamam atenção, a variedade de garrafas, também, mas foram as tanoarias que ganharam meu coração. Vinda de Caetanópolis, na região Central do Estado, a Del Rey fabrica barris de um litro até 50 mil litros. O maior em exposição era de 5 mil litros, grande o suficiente para impressionar.
A arte, que não utiliza pregos nem cola, se vale apenas de um ponto de encaixe. No mais as partes de madeira são postas lado a lado e presas pelos anéis de metal que são pacientemente ajustados. O mestre tanoeiro, Adriano Assis (29), aprendeu o ofício numa época de necessidade.
“Fiquei desempregado e bati na porta da fábrica. Comecei como ajudante a aprendi logo a fazer os menores. Hoje sou responsável pela fabricação dos maiores de mil litros. Não existe curso de mestre tanoeiro e por isso precisamos contar com a vontade dos antigos ensinarem. Faço questão de passar minha arte para os jovens aprendizes. É um prazer ver nosso trabalho espalhado pelo Brasil inteiro”, afirma Assis.
Um brinde à verdadeira bebida nacional. Saúde e vinda longa aos apreciadores que, como nós, já aprenderam que não é a toa que o Santo também faz questão de um golinho.